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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Agentes penitenciários rebatem posição do Gecoc




Gazetaweb - com reportagem de Porllane Santos e colaboração de Dulce Melo

O presidente do Sindicato dos Agentes penitenciários, Jarbas Souza, e o diretor Marcelo Avelino concederam entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no bairro Cambona, em Maceió. Acompanhados pelos advogados Henrique Vasconcelos e Raimundo Palmeira os representantes da categoria repudiaram as decisões do Ministério Público quanto às determinações das prisões de nove agentes acusados da execução de cinco reeducandos.

Para Avelino, “as prisões foram feitas equivocadamente, sem solidez e credibilidade”. Ele afirma que as decisões do MP foram baseadas em cima de provas testemunhais, o que diz ser inaceitável.

“Se os laudos não foram concluídos como podem prender sem provas concretas? O problema é que nós agentes incomodamos os presos e somos perseguidos por que exercemos nossa função, evitamos que entrem no sistema prisional drogas e armas”, ressalta Avelino.

Os agentes penitenciários dizem que as denúncias feitas ao Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc) são em consequência da delação premiada que beneficia quem contribui para a elucidação de qualquer crime.

“Então, é claro que todo reeducando vai querer falar e inventar alguma coisa para ser remanejado para o módulo do trabalhador com alguns privilégios”, conclui Avelino.

Já o presidente do sindicato, Jarbas Souza, considera um absurdo responsabilizar os agentes. “Até mesmo porque o sindicato foi o primeiro a falar que as ocorrências nos presídios não eram suicídio e sim homicídio. O Ministério Público, infelizmente, parte do pressuposto de que o agente é culpado para dar uma resposta rápida à sociedade”- diz Jarbas.

Sobre a denúncia de que teriam sido ofertados mil reais pela morte do reeducando David, Jarbas rebate. Ele garante que o preso foi remanejado do módulo por desacato a um agente, de nome não revelado, e que não teria retornado porque no local foram detectadas armas e entorpecentes pelos agentes penitenciários, o que levou os demais reeducandos a insinuarem que ele havia passado a informação. “E isso poderia resultar no seu assassinato”, reforça Jarbas.

O advogado Raimundo Palmeira diz que tudo já começa de forma errada. “O problema é que aqui no Brasil criou-se uma moda de prender o acusado para depois investigar. A investigação já está começando com prisões e o julgamento está sendo precipitado. É preciso esclarecer que não há ainda nenhuma prova contra esses agentes” - enfatiza o defensor da categoria.

Por conta de toda a situação, os agentes dizem que há um estudo para possível paralisação. “O clima está tão tenso que os agentes já pensam em cruzar os braços. Só não vamos deixar entrar armas, mas drogas e celulares os agentes já estão pensando em deixar passar. Porque os agentes que desagradam os presos acabam recebendo punição. Por que não foi organizada uma força-tarefa para investigar o caso do nosso colega Manoel Messias morto em serviço por falta de condições de trabalho?” - indaga.

Denúncias contra a direção

Durante a coletiva, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários fez uma grave acusação ao diretor do presídio Cyridião Durval, capitão PM André. “Há um esquema de corrupção muito grande no Cyridão. Drogas, armas celulares e até aparelhos como frigobar e geladeiras, entram lacradas, sem revista. A ordem vem de cima, da própria direção, e nós não podemos fazer nada” – denunciou, esclarecendo ainda que essas denúncias e várias outras já foram encaminhadas ao Ministério Público e demais órgãos competentes.

Resposta

O capitão André, diretor do Cyridião Dirval, foi procurado pela equipe da Gazetaweb e se pronunciou a respeito das denúncias. “Minha declaração é simples, quem acusa tem que provar, então, eles peguem as provas e apresentem. Eu tenho quinze anos de polícia e nunca foi descoberto nada de ilícito ao meu respeito. Muita gente já foi ao Gecoc fazer denúncia e meu nome em nenhum delas foi citado. Engraçado, eu agora passei a ser traficante e no entanto não sou eu quem está preso” – rebateu.

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