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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O crime não compensa


Na década de 80 um jovem morador do Farol, envolveu-se numa série de crimes, dentre os quais assaltos à mão armada. Naquela época assalto era coisa que nos alagoanos víamos apenas pela TV. Hoje se tornou rotina em cada esquina. Acompanhei o caso de perto porque o rapaz foi manchete nas páginas policiais e eu a época era editor da página de polícia do extinto Jornal de Alagoas. Júlio César Cavalcante Silva, hoje com 47 anos, voltou a ser preso como assaltante, ao lado de dois menores que ele afirma serem tão somente seus clientes. Agora ele é advogado militante na área criminal.
Júlio César ficou muito conhecido depois dos crimes que lhe foram atribuídos, que lhe renderam um bom tempo de cadeia. Por longos anos ele ficou fora da mídia, estudou, formou-se, mas infelizmente o crime faz parte da sua vida.
Ano passado encontrei Júlio César na saída de um supermercado na Gruta de Lourdes. Por cerca de 20 minutos eu e ele tivemos uma conversa sobre vários assuntos e ouvi atentamente sua falácia sobre mudanças de comportamento, o caminho da igreja, o encontro com Deus. Naquele momento vi na figura do advogado um pastor, um pregador, só que enquanto ele falava sem parar, fiquei a relembrar fatos envolvendo pessoas que buscavam na religião um escudo para seu comportamento nada social.
Mesmo assim, disse a ele que estava feliz em saber que ele tinha deixado o crime, constituído família, ingressado na nobre atividade da advocacia. Cheguei a convidá-lo para ir ao Fique Alerta e dar um depoimento, um alerta aos jovens sobre o mal que a droga espalha na sociedade atual. A princípio o advogado até aceitou, mas depois relutou, preocupado com sua imagem, pois os fatos do passado podiam prejudicá-lo. Concordei, mas usei o argumento de que sua imagem não precisava ser explorada, pra mim seria mais importante sua experiência no crime, seu relato, o exemplo.
Sexta-feira última, as imagens de um circuito interno mostram claramente Júlio César liderando um assalto à mão armada contra uma pousada. Ele e um menor entram no estabelecimento de forma sorrateira, roubam dinheiro e levam poucos minutos para sair do local.
Três dias antes da exibição das imagens, ele foi preso junto com dois menores em um carro tomado de assalto. Com ele a polícia afirma ter encontrado um revólver e munição. A ninguém é dado o direito de desconhecer a lei, imagine a um advogado, que estudou, foi aprovado no rigoroso exame da OAB.
Uma vergonha. Júlio César é um daqueles exemplos de que pra se tornar um criminoso não é preciso ser pobre, analfabeto. Ele teve várias oportunidades, jogou todas fora. Preferiu roubar a advogar. O título de advogado ele adquiriu apenas para tentar esconder sua trilha criminosa. A religião foi outro escudo.
Preso mais uma vez, o homem que sabe muito bem usar as palavras da bíblia, acusa a polícia, se diz inocente, mas como acreditar numa conspiração. As imagens o mostram com a mão na massa. Será que determinados indivíduos não nascem com uma pré-disposição ao crime? Casos como esse nos levam a repensar muitos conceitos atuais a respeito da criminalidade

por Jeferson Morais

fonte: tudo na hora

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