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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Laudo aponta que preso morreu após tortura

Laudo feito por peritos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República aponta que um detento morreu, após ser torturado, em um presídio de Alagoas.
Antônio Marcos da Silva foi encontrado morto no presídio Baldomero Cavalcante, em Maceió, com uma corda de náilon no pescoço. O caso foi divulgado como suicídio. Os peritos identificaram marcas de estrangulamento em Silva -preso acusado de seqüestro- provocado no dia em que foi encontrado morto.

O Ministério Público de Alagoas afirma que há outros cinco casos com características semelhantes ao de Tonho Preto -como a vítima era conhecida- e já estão sendo investigados. O relatório será apresentado hoje ao Conselho Estadual de Segurança Pública.
O caso de Tonho Preto ocorreu no dia 13 de junho. Ele foi transferido do Tático Integrado de Grupos de Resgates Especiais (Tigre) da Polícia Civil, onde teria sido torturado, para o Baldomero Cavalcante.

A ordem de transferência foi dada pelo juiz criminal Marcelo Tadeu. Tonho Preto afirmara que iria apontar seus supostos torturadores caso saísse da carceragem do Tigre. Foi encontrado morto horas depois de ingressar na penitenciária.

A Folha apurou que quatro desses casos ocorreram no Baldomero Cavalcante. O primeiro ocorreu em novembro do ano passado, com Luiz Carlos de Barros. Deyvison Leandro da Silva, Charles Santos de Araújo e José Francisco do Nascimento foram encontrados mortos em condições semelhantes a Tonho Preto entre os dias 9 de março e 11 de abril.

Todas mortes foram divulgadas inicialmente como suicídios. A Superintendência de Administração Penitenciária afirma que eles podem ter sido mortos por outros detentos.
Tonho Preto era considerado um criminoso perigoso. Ele foi preso em maio acusado de participar de quatro seqüestros, entre eles o da ex-prefeita de São Sebastião Helena Lisboa.
Segundo o laudo, ele foi torturado no Tigre dias antes de ser morto. Há marcas no pulmão da vítima que indicam a prática de "banho chinês" -tortura por por afogamento, com a introdução de jato d'água de pressão nas narinas da vítima- e queimaduras.

"A vítima foi encontrada enforcada, em suspensão incompleta, com as regiões plantares [planta do pé] apoiadas no piso", aponta o laudo. No corpo, havia, segundo a perícia do governo federal, marcas de unhas no pescoço, indicando a tentativa de defesa da vítima.
"As evidências permitem afirmar que Antônio Marcos da Silva foi submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, típico de prática de tortura, e morto violentamente, por homicídio, com emprego de energia de ordem físico-química", diz o documento.

O laudo critica a perícia feita pela polícia alagoana. Segundo o documento, os peritos "não consideraram o conjunto das evidências forenses presentes no cadáver".


Fonte: Primeira Edição

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