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domingo, 23 de setembro de 2007

Presídios não impedem fugas em Alagoas

Presídios não impedem fugas em Alagoas Os números do sistema prisional de Alagoas atestam a sua incapacidade de manter atrás das grades os criminosos detidos. Somente este ano, até a última semana, 141 pessoas fugiram. Foram descobertos 27 túneis. No total, 25 fugas e outras 75 tentativas foram registradas. Em 2006 a situação foi ainda pior. Os túneis somaram 51 e o número de fugitivos chegou a 263, com apenas 42 recapturas. A Intendência do Sistema Penitenciário reclama da estrutura física dos presídios e afirma que o reduzido efetivo não está preparado para garantir o total controle sobre os detentos. O intendente-geral do Sistema Penitenciário de Alagoas, coronel Luiz Bugarin, diz que é fácil para os criminosos escavarem túneis dentro do complexo prisional. “Eles arrancam o sanitário do banheiro e seguem a tubulação”. A terra retirada é escondida nas lajes ou jogada pela descarga e ralos de pia. “Em janeiro, tiramos duas caçambas de areia do teto do Baldomero Cavalcanti”, contou Bugarin. Ele explica que os projetos de construção dos presídios não foram executados como deveriam. O comandante de Policiamento da Capital, coronel Adilson Bispo, reage à idéia de conflito entre agentes penitenciários e a Polícia Militar sobre a competência da guarda externa no sistema prisional. “Não existe nenhuma confusão”. Mas admite que os limites físicos não existem, o que atrapalha a divisão de tarefas. “É como um campo de futebol. Se a bola está em cima da linha, é dentro”, compara, se referindo às guaritas no prédio dos presídios, competência dos agentes na sua opinião. O juiz da Vara de Execuções Penais, Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira, que determinou recentemente a interdição do Presídio Rubens Quintella, critica a própria Justiça quando fala da rotina de fugas no sistema penitenciário. “A maioria dos presos quer cumprir suas penas, se tiver seus direitos atendidos num prazo razoável pela Justiça”, diz, se referindo aos julgamentos. “Se as prisões provisórias não se eternizarem, fatalmente os presos não pensarão em fugas”. O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas briga para tirar os policiais militares da direção dos presídios. “Quem tem de assumir somos nós, agentes, civis, com formação em ciências humanas”, afirma o presidente da entidade, Jarbas de Souza. “O que mais tem entre nós são médicos, advogados, pessoas com nível superior e com capacidade administrativa”, explica. Ele conta que a relação entre diretores e agentes aprovados no concurso público, ano passado, não é amistosa. O acesso aos módulos do presídio Rubens Quintella, desativado no último sábado, dia 15, depois de 43 anos de funcionamento, se dá por um descampado, onde os presos aproveitavam as suas duas horas de sol diárias. Ao fundo, eram servidas as refeições. Do lado direito estão as instalações da igreja, da escola com espaço até para uma videoteca, e também canteiros para a construção de jardins. É preciso esforço para imaginar tudo funcionando como deveria. Igreja com fiéis, escola com alunos, presos interessados em cinema, flores no jardim.

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