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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Até talvez, até quem sabe...

As cenas de selvageria no Cadeião de Maceió mostram que os presídios se transformaram em fábricas de feras predadoras de si mesmas. Nesse ciclo vicioso que prospera em progressão geométrica, não vai demorar muito e a sociedade alagoana colherá os frutos amargos dessa ineficiência do poder público.

(Ou será que a sociedade já está colhendo esses frutos amargos?)

Os presídios superlotados devem ser um grande negócio; imaginem quanto não fatura o fornecedor de alimentos para uma clientela que não tem direito à escolha – é comer o que tem ou largar.

Todos parecem satisfeitos e quando surge alguém dizendo que o rei está nu é irremediavelmente crucificado. Acredito que o juiz Marcelo Tadeu deve ter-se cansado de alertar para o problema que só cresce; que cada vez mais se torna complexo.

Afinal, os presídios estão abarrotados porque a Justiça é morosa ou porque o Estado não cumpre bem o papel de prevenir o crime?

Sarte, o filósofo francês, ensinou que se deve tratar da “condição humana” e condenou o termo “natureza humana” - ninguém nasce bom ou ruim, mas se torna bom ou ruim dependendo da condição em que vive.

Imagine que nos últimos seis anos o Estado construiu quatro presídios – três em Maceió e um em Arapiraca. E nenhuma escola, nenhum centro de reabilitação e tratamento de delinqüentes. E já se anuncia efusivamente a construção de mais dois presídios, como se fossem obras meritórias.

O poder público não está preocupado em reduzir a criminalidade ao nível tolerável, mas em construir presídios para atender a demanda de crimes – logo, a criminalidade está sendo tratada como negócio.

Há até os que aplaudem os motins quando eles levam à matança de presos entre si; há os que festejem bandidos se matando, como se o extermínio sumário resolvesse o problema da violência. O exemplo do Carandiru deveria servir de parâmetro; depois de centenas de presos fuzilados, outras centenas de presos em vida aparecem para ocupar os espaços.

Isto reflete a imagem oculta da música “Sonho com Serpentes”, quando diz: “Eu mato e me aparece outra maior”.

A sociedade alagoana vive a realidade do sonho com serpentes, matando umas e tendo de enfrentar outras maiores que aparecem feito produção em série – e que hão de lhe tirar o sossego até talvez, até quem sabe.

Fonte: Blog do Bob

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