IPPS: agentes podem suspender as revistas

Os agentes penitenciários do Ceará, lotados no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), ameaçam paralisar as revistas nas celas da instituição a partir de hoje.
O fato poderá gerar um tumulto na maior penitenciária do Estado, já que quarta-feira é dia de visitas aos presos.
A paralisação seria um protesto da categoria diante do assassinato de mais um profissional. O crime ocorreu na tarde do último domingo.
No IPPS estão recolhidos, atualmente, cerca de 1.380 presos, a maioria cumprindo pena. Outros, estão ali por falta de vagas nas demais unidades prisionais do Estado.
A capacidade real do IPPS é para abrigar apenas 950 detentos.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores Penitenciários do Estado do Ceará (Sindasp-CE), Augusto Coutinho, se a ameaça for concretizada, a falta de vistoria inviabilizará às visitas na penitenciária.
Os agentes decidirão ainda hoje se iniciam o movimento de protesto.
Piorou
De acordo com Coutinho, “o clima entre os agentes é de revolta, insatisfação e insegurança”. Para ele, a situação piorou depois da morte de Francisco Cléber Nobre da Silva, 30 anos, que trabalhava no IPPS há cera de um ano.
O agente foi executado com 12 tiros de pistola, calibre 9 milímetros, na tarde do último domingo (11), quando chegava em casa.
O crime ocorreu na Rua Antonina do Norte, bairro Monte Castelo. Naquele dia, o agente trabalhou até por volta do meio-dia e quando chegava nas proximidades de casa foi vítima de uma emboscada.
O presidente do sindicato afirmou ainda que, se for confirmada, a paralisação no IPPS, mas pode se estender a todas as casas de custódia de Fortaleza e Região Metropolitana. Segundo ele, a categoria está mobilizada nesse sentido. “Tudo indica que pelo menos no IPPS as visitas serão dificultadas”, ressaltou o sindicalista.
A diretora-adjunta do IPPS, Terezinha Barreto, afirmou que não tem conhecimento da paralisação. “Não ouvi nada a esse respeito”, disse.

Reunião

A diretoria do Sindasp esteve reunida com o Secretário de Justiça Marcos Cals. De acordo com Coutinho, foi informado ao secretário a situação e as reivindicações da categoria. Segundo ele, o secretário exigirá da Polícia uma apuração rigorosa sobre a morte do agente.
O presidente do sindicato disse ainda que, segundo Marcos Cals, o delegado Jairo Pequeno iria comandar as investigações. Procurado pela reportagem, o diretor da Delegacia de Polícia Especializada (DPE), afirmou que ainda não recebeu nenhuma comunicação oficial.
Cléber foi quarto agente penitenciário morto nos últimos quatro anos. O presidente do Sindasp afirmou que os crimes estão relacionados ao trabalho dos agentes. Coutinho ressaltou que tem plena convicção que a insegurança é diretamente proporcional ao número de agentes em campo. Segundo ele, no IPPS, são 12 agentes de plantão para 1.380 detentos. “Todos os conflitos deságuam nos 12 que estão de plantão”
Com relação ao último concurso para a categoria, Coutinho informou que o secretário anunciou para o próximo dia 21, a nomeação de 297 agentes. “Este número é insuficiente, pois temos 730 vagas. Precisamos de pessoal.”

Fonte: Diário do Nordeste