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domingo, 25 de novembro de 2007

O juiz confinado

Nem tudo está perdido. Um juiz federal, de nome Odilon de Oliveira, 57 anos, é um exemplo para o Brasil. Esse homem vive dia e noite escoltado por sete agentes da Polícia Federal e transformou um pequeno espaço existente ao lado da sala de audiência, em sua moradia. Odilon dorme num colchonete, na maior simplicidade. Também pudera, depois de condenar mais de 100 narcotraficantes, o magistrado tem sua cabeça a prêmio. Os tubarões da maconha e da coca oferecem 300 mil dólares pela execução de Odilon. O medo de morrer fez o juiz morar durante meses num quartel do Exército.

Esse fato verdadeiro acontece na cidade de Ponta Porã, fronteira do Brasil com o Paraguai. A cidade fica no Estado do Mato Grosso do Sul, e era a porta de entrada de toneladas de maconha e afins no país. O desempenho do juiz é algo assustador pra nós aqui de Alagoas. Em um ano ele condenou 114 traficantes. Somadas as penas chegamos a 919 anos e 6 meses. Confiscou 12 fazendas num total de 12.832 hectares. Somente a cada 15 dias o juiz se dá ao direito de visitar a família, mantida fora da cidade. Almoça quentinhas fornecidas por pessoas de confiança, pois houve ameaça de envenenamento da sua alimentação.

Um hotel foi colocado à disposição de Odilon, mas ele desistiu depois de alguns dias, pois sua segurança chamava muita a atenção dos hóspedes. Esse é o único caso de um juiz que vive confinado no fórum onde trabalha para não ser assassinado.
Um velho armário de madeira que devia abrigar processos serve hoje para guardar os pertences do magistrado. Esse é um típico caso de inversão de valores, algo tão comum na nossa sociedade. Um juiz que devia ir e vir sem qualquer impedimento está presos e os bandidos que tanto mal fazem a sociedade, nas ruas.

O juiz Odilon tem algumas características que deviam ser seguidas. Aplica mais sentenças e aparece menos na mídia. Tem se mostrado um exemplo para os seus colegas porque acima de tudo honra a profissão que abraçou.

Num momento em que vivemos no Estado de Alagoas, bem que faz falta um juiz com tal determinação. Primeiro ele seria chamado de louco. Depois iam querer sangrá-lo. Caro leitor feche os olhos e imagine o doutor (esse merece tal título) Odilon de Oliveira sendo removido para Alagoas e caindo em suas mãos alguns processos “cabeludos” que vagam entre gavetas e armários. Muitos criminosos iam perder noites de sono, sem contar com os que simplesmente sumiriam do mapa abandonando o título de “líder” ou “liderança”.

Mas por enquanto vamos nos contentando com os 80 e poucos detentos que serão liberados amanhã pela justiça. Cometeram pequenos furtos, agressões e nunca deviam ter ido pra cadeia. Pelo menos eles não correm o risco de serem queimados vivos. Não deixa de ser uma ação da justiça alagoana.

Fonte: Tudo na Hora

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